quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

HOMILIA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Tempo de conversão

Pe. José Renato Peixinho

Irmãos e Irmãs, começa um novo tempo na Igreja, tempo em que você também pode tornar-se novo, ou simplesmente permanecer como está. A quaresma como bem nos introduz a liturgia de hoje, é um período para ouvir mais a Palavra de Deus e entregar-se à oração, jejum e esmola, a razão desta atitude é a preparação para a Páscoa.

São quarenta dias nos quais somos conduzidos e conduzidas, a uma conversão mais profunda, no intuito de juntamente com o Cristo Ressuscitado na Páscoa, possamos também nós ressurgir com Ele, como homens novos e mulheres novas. Vive-se, portanto, uma espiritualidade própria, um caminho que nos ajuda a nos reaproximarmos de Deus e de fato mudamos de vida.

A oração, o jejum e a esmola integram esse tempo penitencial. Não se trata apenas de um gesto externo como nos chama a atenção a Palavra de Deus hoje. A leitura da profecia de Joel nos diz “rasgai o coração e não as vestes; e voltai para o Senhor” (Jl 2,13). São Paulo suplica em nome de Deus: “deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5, 20b). Jesus Cristo no Evangelho nos conclama a uma oração, esmola e jejum profundo e verdadeiro e não apenas por aparência e obrigação, com gestos muitas vezes hipócritas.
Mas será que sabemos de fato o que significa estes gestos e atitudes?

Na casa de meus pais aprendi a jejuar desde cedo: a partir dos quatorze anos era obrigatório jejuar, Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa. Sou grato por ter aprendido isso em casa. No entanto, jejuar forçado terá algum sentido? Alguém pode dizer: “eu jejum só porque a Igreja manda”. Certamente não compreende o verdadeiro significado do jejum.
Vamos tentar entender melhor:

O Jejum não é simplesmente uma dieta. Ele nos ajuda a exercitar a capacidade de autodomínio, para servirmos mais livremente a Deus e ao próximo, isto é, minha vontade é esta, mas abro mão dela por algo maior; ajuda a “quebrar o nosso orgulho”, ou seja, livremente eu deixo de fazer o que meus instintos e vontade pedem, num gesto de profunda humildade; gesto profético de solidariedade com aqueles que são forçados a jejuar todos os dias.
A esmola é muito mais um gesto livre de partilha e gratuidade. Do que eu tenho posso dividir sem pensar em ter nada em troca.
A Oração não é multiplicar palavras ou fórmulas. Você pode passar horas e horas “rezando” e na verdade não ter “rezado” quase nada. A oração é um dom de Deus; uma aliança com Deus; é a relação entre Deus e o homem, quanto mais você estiver em uma relação sublime com Deus, mais será uma pessoa orante.
Podemos neste instante nos perguntar: Como queremos viver esse tempo quaresmal que se inicia hoje? Que caminhos, atitudes e mudanças eu preciso tomar para minha vida?  Concretamente só você pode saber, a escolha é sua: ser uma pessoa nova, ressurgir com o Cristo, ou continuar na mesmice de sempre. A Igreja, a liturgia, propõe toda uma espiritualidade própria do tempo, inclusive com incentivo à procura do sacramento da penitência.

Temos ainda o privilégio e a oportunidade de refletirmos e agirmos diante de um tema social bem concreto. Este ano a Campanha da Fraternidade nos propõe refletir sobre a saúde pública. Como homens e mulheres novas o que podemos fazer ante a situação tão gritante da saúde pública? Será que podemos escolher um bom plano de saúde e achar que o problema é só dos outros?

A saúde pública também se refere à vida saudável, ao bem viver. Neste sentido, como Cristãos temos muito a fazer. Portanto, Aos meus paroquianos, convido-vos a pensarmos juntos nossos gestos concretos neste tempo propício suscitado pela quaresma. Aos de outros lugares, incentivo-vos a empenhar-se na vossa Paróquia e comunidade.

Por fim, lembremos! Estamos em um tempo de graça! Busquemos nossa conversão pessoal, mas façamos com que essa mesma conversão transborde além de nós e gere saúde, solidariedade, vida nova, relações sadias... em nossas famílias e comunidades.

Assim Seja!

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